sexta-feira, 28 de março de 2008

em Carcavelos...

Uma vez mais um grupo de artistas plásticos em estreita colaboração com a Junta de Freguesia de Carcavelos, expõe aí os seus trabalhos.

Desta vez, conjuntamente com adultos, um grupo de crianças exibe as suas pinturas.

Aceite o convite. Venha à vernissage da inauguração.

no café de fernando pessoa



o vazio imenso...
...e ele ali, especado em memórias dum tempo que foi seu.a floresta de mesas esperando que a artilharia de pratos, copos e talheres seja usada...
...o embaraço da escolha gulosa do menu diverso e convidativo...
...as lembranças penduradas esperando que os olhos as desvendem...
...o teu olhar absorvendo esse tempo, venturas e desventuras do poeta, interrompido pelo consecutivo "olha p'ra mim" que capto em cada flash...
... dir-se-ía que os relampejares instantaneos de cada foto perpetuam o momento que, fotografado, já pertence ao passado...
...a conversa diluída no tinto alentejano que fantasia e acaricia o baco de todos os paladares...
...o almoço deglutido em mais um guloso bacalhau, olhado de frente pelas lulas que para mim escolhi...
...a conversa amassada na mais completa satisfação pela permuta de ideias e de pensares dispersos na harmoniade quem canta a mesma canção...
...e ele, o poeta, ali, afixado na parede, depois de tantas tardes trovadas no silêncio da inspiração...
...quantos aparos não desenharam as mais belas palavras e quanta tinta não as tingiu de dor e sofrimento...
...o poeta morreu, mas as palavras, essas renascem em cada livro em que se liberta...
...o almoço no fim, o tempo urge, o sol rompe a vidraça, o adeus apressa-se...
...o martinho da arcada, ali no terreiro do paço, em lisboa, despede-se de nós. o poeta, esse ficou. ele imortaliza os lugares por onde se sentou e os muitos cafés que ali bebericou, enquanto a sua escrita, dolorosamente, sofria...
...e nós, tu e eu, com tantas coisas ditas e tantas outras por dizer, deixamos que o baú do tempo as guarde para novasmemórias...
...o futuro é incerto, mas se estiver por aqui e o reencontro for possível, voltaremos ao passado trilhando caminhos, fazendo sementeira para novas colheitas...
...lembrarei as horas de nós como momentos eternos na rectrospectiva da amizade......então, sózinho, olharei a saudade e direi para mim:-Helena, valeu!
...pelos risos escancarados, pelos momentos descontraídos!

(...e aqui deixo a promessa de que vou escrever a "tal" peça para os teus amigos de Curitiba!)

para Helena
irmã de desditas,companheira de ideias,
mulher e mãe de afectos.

esta coisa de ser português...



É que, os arautos do "seu" nacionalismo deturpam factos,escondem a realidade e fazem deles o recreio da imaginação, acabando por colonizar a mentira no territótio da verdade

Esta coisa de falsear a ideia da história e escrevê-la segundo os próprios interesses, tem muito que se lhe diga......

Principalmente tem a ver com os interesses e os clamores que se pretendem para cada país...

Mal comparado, digamos que é quase como chamar pai ao vizinho do lado, sem que ele, alguma vez tivesse alguma coisa a ver com a nossa mãe...

Eu sei, por onde "andei", antes de ser o que sou.

Melhor, sei, por onde andaram os passos da minha história.

Li-a em muitas bibliotecas, vi-a em muitos museus, por esse mundo fóra, onde se retrata a história do homem e, neste caso concreto, as raízes e a expansão Portuguesa.

Sei que demos alguns santos aos altares da igreja e não sei quantas almas ao purgatório.

Sei que, a história desta ocidental praia lusitana não narra todas as suas culpas.

Não esqueço, porém, as coisas boas que legámos ao mundo e que sendo património do conhecimento da humanidade, também, nela, não têm assento.

Sei das nossas conquistas, das nossas descobertas, do nosso avanço na ciência, da nossa capacidade no trabalho e, sobretudo, de todos aqueles que têm orgulhonas suas raízes e que, sendo filhos de outra geração, mesmo não sendo Portugueses, falam do seu passado com orgulho, com a saudade e uma lágrima no canto do olho.

Poderia lembrar, em concreto, muitas raças, outros povos, espalhados por esse mundo, mas...não o farei.

São muitos.

Mais do que aqueles que se lembram de mim como filho duma colonização desastrada...

Às vezes, quando penso maduramente sobre esta e outras questões, reparo que quem fala da minha história esquece os "primores" coloniais dos ingleses, dos holandeses, dos espanhóis, dos franceses e...só menciono estes.

Não refiro a colonização imperialista...

Aqui, ali, ontem, hoje, o rol das barbaridades foi, é enorme.

Nunca pesei os prós e os contras, mas sei que os meus avós(no sentido figurado da história) foram pessoas de virtudes,e que, por esse mundo, deixaram marcas nos povos, nos seus costumes, no património e até nas pedras do tempo.

Dos homens que sonharam horizontes até aos poetas, por todo o lado semeámos a aventura e a palavra do sentimento rimado que enche a alma de quem lê e sonha com o fino recorte dos nossos trovadores.

Hoje, na revolta do homem, nem sempre entendido, deixo palavras "duma" poesia diferente.

Quem sabe se não com o mesmo espirito de fraternidade e solidariedade que o Portugês José Fontana, nascido em Itália, deu a Karl Marx, contribuindo com a sua experiência operária para a obra "O Capital", cujo original assinou, em quarto lugar e está exposto no Museu da História, em Londres...

...sim, porque até aqui, esta coisa de ser Português deixou marcas e tem o seu encanto!

quinta-feira, 27 de março de 2008

sou o que sou




sou o rumo bastardo, o filho do adverso,

a reacção do petardo, o poema sem verso.



sou o dia cinzento, o olhar que descrevo,

a mágoa - lamento, o luar que escrevo.



sou a ave ferida, o âmago da questão

a ânsia querida, o menino do festão.



sou o mês de Setembro, o dia que engana,

a razão que não lembro, o final de semana.


sou a porta aberta, o sol da esperança,

a seara deserta, o sonho de criança.


sou o que não se rende, o pardal madrugador,

a amarra que prende, o sofrimento da dor.


sou a noite sem o fim, o prazer que entrego,

a doçura do jasmim, o corpo que esfrego.



sou o sol pela fresta, o amor acabando,

a vida que não presta, o homem desabando.


sou o tudo e nada, o cão abandonado,

a tristeza danada, o desprezo clonado.


sou o versejar banal, o caminho sem norte,

a derrocada fatal, o destino da morte.