sábado, 26 de dezembro de 2009

os anos...



os anos vestem-se com adereço dos dias,
dos meses vividos,
as rugas vincam a face,
agruras do sofrimento…

no silêncio poético da vida,
no alcance do futuro,
o tempo divide,
multiplica angustias,
soma receios,
subtrai sonhos…

do rosto que era seu,
da eternidade sonhada,
perde-se o tempo…

sem sol, sem sombra,
é acaso, palidez do nada,
efémero suspiro,
delírio, êxtase, canto do fim…

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imagem da internet

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

natal ...



natal...

esbarro na parede,
na indiferença,
no neon colorido,
ensalivo o pensamento,
medito...

das raivas contidas,
da liberdade da palavra,
das mãos desertas,
que natal sem pão,
sem paz,
fraternidade,
neste mundo que agonia
e vomita hipocrisia ?

natal...

o fim que já não é
de quem advoga começo!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

expondo em mais uma colectiva de pintura...

Na galeria DOMINIO PUBLICO, até dia 5 de Janeiro, podem ser vistas e adquiridas obras de Ana Segall, Belé, Branca Rodrigues, Giselle Dumont, Luis Nogueira e Pedro Charters d'Azevedo. Observando os dois trabalhos que apresento nesta colectiva de pintura Como sempre, este tipo de exposições proporciona animado convivio entre os presentes. Ideias, criticas e discussão tornam vivo e sempre animado o encontro entre artistas, publico e galeristas. Surpresa agradável foi a presença de JULIA CHAVES, uma "velha" amiga para quem em tempos escrevi o poema "maria do meu mundo". Este poema viria a ser musicado por Leonel Medina e por ela gravado em disco. Retirada dos palcos, JULIA CHAVES fez o seu percurso artistico na canção e no teatro. A foto acima refere-se à capa do disco em que JULIA CHAVES gravou a canção de que sou co-autor.

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Uma palavra de agradecimento a MARTINHO DA SILVA, leitor deste blog, que sobre mim e para esta exposição escreveu:
"Da palavra à pintura, da pintura à musica, estamos perante um artista multifacetado
que se desmultiplica nos caminhos da arte.
A poesia, a pintura e a musica têm sido trajectos de quem desde muito cedo viu os seus trabalhos submetidos à apreciação do público.
Os temas da sua pintura, apresentados por “séries”, são caracterizados por cores fortes.
Cores que revelam firmeza e a personalidade do artista neste domínio da arte."

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

que pena...



que pena a lamina da descrença não matar dum só golpe a prece batida pelo vento infrene da inveja...

que pena...

decerto não seríamos submissos ao sonho que amplia a duvida...

decerto faríamos da vontade o vulcão da nossa força...

decerto calaríamos o estribilho cobarde que algema a ideia...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

um calhau rolado...


um calhau...

…polido pelo mar,
jaz e rola
até desgastar…


um calhau,…

…uma simples pedra,
moldada por marés,
cansada e rolada
por tanto revés…



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A propósito deste poema, uma curiosidade...

Em fins de 1966 (há quanto tempo...) um amigo pediu se não me importava de ajudar um jovem Madeirense que, para além de ser funcionário público, em Lisboa, cantava nas horas vagas, tendo já algumas actuações públicas na Madeira e nos Açores. Dias depois conheci esse jovem e prontifiquei-me a ajudá-lo através de conhecimentos que tinha na editora Alvorada. Falei então com o responsável da editora o qual depois de ouvir o dito jovem acordou a gravação comercial com ele. Na fase de escolha do reportório, acordou-se que teríamos de arranjar uma composição que captasse as atenções, não só no título como, também, na letra e melodia.
Alguns dias depois, como ninguém tivesse encontrado inspiração para tal, surgiu-me uma ideia que de pronto apresentei à editora a qual a acolheu de braços abertos, concretizando assim, com essa e outras composições, a gravação do disco.
A canção foi um êxito, o disco vendeu algumas edições e o interprete viria a ter o
seu lugar no panorama da musica ligeira portuguesa.
A canção, com letra e musica de minha autoria, tinha por título "COMO UM CALHAU ROLADO". Dei-lhe este título devido ao facto de gostar, particularmente, da composição de Bob Dylan, "Like a rolling stone".
O interprete chamava-se GABRIEL CARDOSO, para desgosto das suas inumeras fans faleceu em 8 de Fevereiro de 2000 e "Como um calhau Rolado", para além da amizade que entre nós perdurou, foi a única composição que escrevi para si.


Eu e Gabriel Cardoso autografando calhaus
-Recorte da revista "Estudio"-


Almoço com Gabriel Cardoso em Papagovas (Lourinhã), a última vez que estivemos juntos e falámos sobre projectos futuros.

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domingo, 1 de novembro de 2009

No Auto-Club Médico Português, nova exposição de "Monstr'inhos". Inéditos de 2005-2009


Exposição individual de pintura do tema no AUTO-CLUB MÉDICO PORTUGUÊS - Av.Elias Garcia,123-1º-Esqº - LISBOA. De 28 de Outubro a 13 de Novembro de 2009. Exposição patente ao público de 2ª a 6ª feira, das 10.00 às 13.00 e das 14.00 às 18.00 horas

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Quatro dos vinte e cinco trabalhos expostos


"Entre Cortinas" - 2009


"O equilibrista" - 2009


"De costas voltadas" - 2005


"Finalmente sós" - 2009


Observando cada detalhe...


Um aspecto dos visitantes no dia da inauguração


A familia sempre presente...Da esquerda para a direita, o primo António Luís, a sobrinha Ana Maria, eu e a prima Lina Luís.


Uma surpresa agradabilissima, a presença de Natividade Lavos e de Carlos,seu marido.
A Natividade, hoje distinta causidica, foi minha colega na direcção do então Sindicato dos Trabalhadores de Escritório do Distrito de Lisboa no biénio de 1976/1978, revelando-se, então, uma excelente sindicalista.


Com António Marques Tavares, outra visita surpresa dum "velho" amigo companheiro das lides autárquicas



Há sempre quem queira comentar o que viu, assinalando a sua presença no livro das visitas

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Mais em...

http://www.acmp.pt/index.php?id=163&myDummy=38&btn=3

http://www.acmp.pt/index.php?id=66&myDummy=470&btn=3

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Brasilia



na cidade dos ângulos
onde os rectos determinam,
a cidade sem raça
tem a raça dos que habitam.

Brasilia...

aqui no planalto
onde a voz tem eco,
jota ká do seu alto
é grito no horizonte
no país que se quer
universo duma só voz.

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os meus amigos de Brasilia sempre "cobraram" o facto de nunca ter escrito um poema dedicado à sua cidade.

diziam parecer impossivel que um apaixonado pela cidade nunca nela se ter inspirado...

como a poesia "acontece" por inspiração e não por "obrigação ou dever", no final da tarde do passado dia 29 de Agosto, estando em Brasilia e na Thesaurus Editora, escrevi o que antecede estas palavras.

espero que gostem embora a cidade e os meus amigos merecessem muito mais.

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foto do mausoléu de JK, em Brasilia, com ele "lá no seu alto".

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

reflexões...


a tarde trespassando a vidraça fazendo chegar os cinzentos do pronuncio do fim...

um horizonte de enevoados pensamentos faz vir até mim uma purpura fragmentada de lembranças...

quem me dera que no sabor dos anos pudesse guardar um suspiro de eternidade e nele tudo quanto vivi na respiração de um beijo;

que na figura indistinta do futuro a palavra fosse o rigor sereno da verdade e nela cintilasse a luz dos olhares nus...

quem me dera que na plenitude da vida o amanhã se renovasse na simplicidade da natureza e esta fosse a virgem pagã de todas as certezas;

que nas estátuas insones da apatia o homem dedilhasse harmonias e fizesse de si o farol de toda a humanidade...

a tarde trespassando a vidraça e eu, sem liras e sem reino, trespasso o tempo enquanto o tempo não cerra a floresta da existência...

domingo, 6 de setembro de 2009

" o nu das palavras " a inauguração da exposição no Instituto Camões / Embaixada de Portugal em Brasilia - algumas fotos


Inicio a sequência de fotos com Renata Biglia.
Aqui desde logo, presto a minha homenagem, dando parabéns pelo seu trabalho fotográfico. Simultaneamente agradeço ter aceite o desafio para que escrevesse poemas para os nus que fotografou.
A adivinhar pelos comentários e criticas que temos recebido, penso que resultou.
Com ela em Porto Alegre, no Brasil e eu em Lisboa, não foi fácil,mas...foi possivel! .
Foi um ano de imensa troca de mails, de muita troca de opiniões,mas...valeu a pena!!
Aqui fica um beijo, a minha amizade e, uma vez mais, parabéns pelo excelente trabalho e pela forma como foi apresentado.

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Vista parcial da exposição no Instituto Camões / Embaixada de Portugal, em Brasília







O editor Victor Alegria, grande entusiasta da exposição com Renata Biglia e João Videira Santos


A artista plástica Naura Timm, o escritor Jacinto Guerra, o pianista Adriano Jordão, responsável pelo Instituto Camões em Brasilia, Renata Biglia e João Videira Santos


O editor Victor Alegria com Renata Biglia e Fabiano,seu noivo.


Com Rossana Raeder do Instituto Camões


Com António Barahona da Academia do Bacalhau de Brasilia


Renata Biglia, eu e os fotógrafos Roberto Castello, Helio Rocha e Breno Fortes


A escultora Mara Nunes, eu e Renata Biglia




Renata Biglia e eu em conversa com visitantes


Servindo os convidados







Visitantes observando os trabalhos expostos


D.Virginia Biglia dialogando com um visitante


D.Odaiza Rodrigues Alves e D.Maria Lucia Moriconi da direcção da Pró-Arte de Brasilia


Visitante assinado o "livro de honra"


Revisitando a exposição com Camila Salgado e D.Maria do Socorro

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..E porque a gratidão e o reconhecimento não são, nem podem ser palavras vãs, aqui fica o meu agradecimento ao VICTOR ALEGRIA e sua esposa D.ISIS pelo seu apoio, ao INSTITUTO CAMÕES pela exposição de "o nu das palavras", a D.VIRGINIA BIGLIA pelo apoio, cuidado e atenção dados à exposição, ao VICTOR TAGORE pelo seu trabalho nos videos e na reprodução fotográfica da expo, ao MANUEL CABRAL pela arte e design do cartaz e folheto da exposição, à IDEIAGRAFIX e à HATIVAR pelos apoios concedidos e, finalmente a todos os amigos que directa ou indirectamente nos apoiaram e fizeram chegar inumeras mensagens de apoio e felicitação.

O êxito desta exposição é tanto vosso quanto meu e da Renata Biglia.

Muito obrigado a todos!

================================= Nota:

O Instituto Camões foi criado para promoção da língua portuguesa e da cultura portuguesa no exterior.
A sua Lei Orgânica define-o como pessoa colectiva de direito público, dotado de autonomia administrativa e patrimonial, sob a superintendência do Ministério dos Negócios Estrangeiros para assegurar a orientação, coordenação e execução da politica
cultural externa de Portugal, nomeadamente da difusão da língua portuguesa, em coordenação com outras instâncias competentes do Estado, em especial os Ministérios da Educação e da Cultura.